FAO in Mozambique

Nova praga representa uma nova ameaça à região sul que se recupera dos efeitos de secas prolongadas

Relatórios preliminares indicam a possível presença da praga no Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe.
03/02/2017

Uma praga da lagarta invasora (Lagarta do Funil do Milho), cuja ocorrência acontece pela primeira vez na África Austral, está a causar prejuízos consideráveis nas culturas em alguns países da região. Se houver um agravamento da praga isso poderá reduzir as perspectivas de produção projectadas para a actual campanha agrícola.

O milho, que é a cultura alimentar mais importante na região, é a mais afectada mas outros cereais tais como a mapira e o trigo estão também afectados.

Isto acontece numa altura em que a África Austral está a procurar recuperar dos efeitos de dois anos consecutivos de seca provocada pelo El Niño que afectou mais de 40 milhões de pessoas, reduziu a disponibilidade de alimentos em 15% e, causou um défice de cereais de 9 milhões de toneladas.

O Coordenador Sub-regional da FAO para a África Austral, David Phiri, referiu que a situação está em evolução. " A situação continua a fluir. Relatórios preliminares indicam a possível presença da praga no Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe. O Zimbabwe notificou a presença da praga enquanto que os restantes países devem divulgar os resultados dos levantamentos em breve ", disse.

Na Zâmbia, o governo já gastou cerca de 3 milhões de dólares na tentativa de controlar a praga que afectou aproximadamente 130 mil hectares de culturas. No entanto, a extensão total dos danos no país e em outros países afectados, ainda está para ser determinada. A praga que se propaga na fase inicial principalmente através da dispersão do vento e de plantas hospedeiras é relatada como estando ainda activa. Os países afectados também estão em diferentes estágios de avaliação dos danos às culturas porque a praga não ocorre simultaneamente.


A Lagarta do funil do milho é uma praga relativamente nova proveniente de algumas regiões da América, tendo a sua ocorrência sido notificada pela primeira vez em São Tomé e Príncipe em Janeiro de 2016. A praga é conhecida por causar perdas extensivas de colheitas que podem ir até 73% dependendo das condições existentes e é difícil de controlar com um único tipo de pesticida, especialmente quando ela já atingiu um estado avançado de desenvolvimento.

Reunião Regional de Emergência para coordenar as acções de controlo
A FAO, em parceria com o Comité para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a Organização Internacional para o Controlo do Gafanhoto Vermelho para a África Central e Austral (IRLCO-CSA), irá organizar uma reunião regional de emergência para as entidades interessadas, de 14 a 16 de Fevereiro de 2017, em Harare.

De acordo com David Phiri, "A África Austral tem enfrentando sérias ameaças de pragas e doenças transfronteiriças, que incluem vários tipos de lagartas, gafanhotos, a "tomato leaf minor" e a necrose letal do milho, etc. A gripe aviária altamente patogênica da estirpe H5N8, cuja presença foi confirmada no Uganda, havendo a possibilidade de também ocorrer no Ruanda, é susceptível de se espalhar para o sul, ao longo das rotas de migração de aves selvagens ".
A reunião de Harare pretende abordar questões relacionadas com o reforço dos sistema de vigilância, a preparação e coordenação de respostas de emergência para pragas e doenças de plantas e de animais, incluindo a presente praga lagarta invasora. Serão ainda discutidas estratégias e medidas de controlo e estabelecer uma plataforma para a partilha de experiências e lições relevantes.
A reunião está sendo organizada com fundos doados a FAO pelo Fundo de Solidariedade para África, pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID).
Desenvolver capacidades para respostas atempadas
À medida que a região enfrenta esses desafios novos e emergentes, que ameaçam os modos de vida de mais de 70% da população que depende da agricultura, nota-se que é crucial aumentar as capacidades a nível nacional e regional de prevenir, detectar e reagir atempadamente a qualquer nova ameaça de pragas e doenças.

"Os países precisam manter e, quando necessário, expandir a capacidade de diagnóstico, de vigilância e de resposta, bem como realizar avaliações e pesquisas para permitir respostas rápidas a novas ameaças", disse David Phiri.

A FAO está a trabalhar com os governos, a SADC e outras partes interessadas para desenvolver e implementar uma estratégia adequada para determinar o nível de infestação de Lagarta do Funil do Milho e o seu impacto na produção agrícola. A organização irá continuar a apoiar os esforços de resposta e irá contribuir para aumentar a capacidade de resiliência dos países e partes interessadas na região.