Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Brasil e Colômbia discutiram juntos documento preliminar de diretrizes de pesquisa em agroecologia construído pelos dois países

O documento, construído no âmbito do projeto de cooperação internacional Semeando Capacidades, incorporou as contribuições das três oficinas de intercâmbio entre os dois países, bem como a revisão e análise de documentos, estudos e diretrizes do Brasil e da Colômbia.

Bogotá, 21 de janeiro de 2020 - Representantes dos governos da Colômbia e do Brasil, academia e organizações da sociedade civil participaram do encontro interinstitucional para socialização e feedback sobre o documento preliminar de diretrizes de pesquisa em agroecologia para os dois países, com o objetivo de receber recomendações sobre este trabalho que visa ser um referencial para a construção de planos e/ou programas conjuntos de pesquisa em agroecologia e fornecer subsídios para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, com o objetivo de fortalecer a inovação rural com abordagem agroecológica. 

A atividade faz parte das ações do projeto Semeando Capacidades, realizado em conjunto na Colômbia e no Brasil pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. 

Camilo Ardila Galvis, coordenador do projeto Semeando Capacidades, agradeceu aos presentes pelo acompanhamento na construção do documento e convidou a participarem ativamente desse espaço de diálogo a fim de conhecer as recomendações que permitem a sua concretização: “O projeto gera conhecimentos e produtos para que sejam utilizados e apropriados por diferentes atores”, destacou. 

Por outro lado, Catherine Rivera, consultora da FAO Colômbia, apresentou um breve resumo da proposta preliminar de diretrizes de pesquisa em agroecologia para o Brasil e a Colômbia, e a metodologia para a construção deste documento, destacando que o mapeamento permitiu a identificação de 31 atores na Colômbia: “58% na academia; 29% em centros privados, institutos, organismos de investigação e 13% públicos”. Além disso, no Brasil, foram identificados 32 atores: “81% na academia; 10% em centros privados, institutos, organismos de pesquisa e 9% públicos”

Da mesma forma, foi apresentado o processo de identificação de eixos estratégicos para a construção do documento de diretrizes de pesquisa que, segundo a revisão de 3 documentos estratégicos, resultou em 23 linhas de pesquisa agrupadas em 4 dimensões: “As dimensões são econômico-produtivas; educação, extensão e pesquisa; sócio cultural; e mudanças ambientais e climáticas. E justamente nos diálogos de grupo deste encontro vamos aprofundar cada uma das linhas”, explicou Catherine. 

Diálogos de grupo

Os participantes foram divididos em dois grupos de trabalho que forneceram contribuições para o documento preliminar de diretrizes. Dentre as sugestões gerais, foram indicados o fortalecimento das ações ou estratégias de acordo com as linhas delineadas no documento; e a abordagem e articulação das diretrizes de pesquisa junto as políticas públicas dos dois países. Em relação a questões mais específicas, os grupos destacaram a necessidade de aprofundar as pesquisas sobre sistemas de rastreabilidade e monitoramento de processos comunitários; e destacaram a importância de reconhecer e reavaliar os sistemas de conhecimento tradicionais e avançar para sistemas de informação como portais ou plataformas que consigam integrar toda a informação e disponibilizá-la a todo o público, contribuindo assim para o fortalecimento dos processos de investigação. 

Também foi proposta a incorporação de um eixo ou linha de trabalho de análise e promoção de redes de consumo e agregação de valor social à produção agroecológica, articulando o econômico e o produtivo. Outros temas abordados foram: maior visibilidade do aspecto Segurança Alimentar e Nutricional e Soberania Alimentar e a contribuição da agroecologia; reconversão produtiva em áreas produtivas; e controle sanitário inclusivo e consistente com a agricultura familiar e seus saberes locais. 

Próximos passos

O coordenador do projeto Semeando Capacidades explicou que, a partir de todas as contribuições, serão feitos ajustes e revisões no documento, de forma que a versão final esteja disponível em meados de fevereiro para diagramação e ampla divulgação futura. 

Nas palavras finais, Rafael Dias, representando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil destacou a importância de colocar em prática essa cooperação, que deu oportunidade de conhecer experiências de professores, pesquisadores do Brasil e da Colômbia, e que gerou um documento poderoso e de qualidade. “E que o documento é útil para futuras cooperações e até futuras investigações conjuntas”, disse. Já Ronald Dallos, representando o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia agradeceu a participação de todos e afirmou: “Esperamos concretizar as ideias e ter um documento robusto sobre todas as contribuições importantes recebidas”. 

Colômbia e Brasil: semeando capacidades

O projeto Semeando Capacidades, iniciado em novembro de 2019, está dividido em quatro componentes: extensão agrícola, agroecologia, mercados diferenciados e sistemas de informação. O objetivo é fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, com especial ênfase na produção da agricultura familiar com enfoque agroecológico, sendo um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento rural do país rumo à transformação econômica, social e política.