Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Curso internacional sobre alimentação internacional capacita três mil profissionais

Em webinar final, autoridades governamentais dos seis países participantes e estudantes deram seus depoimentos sobre a capacitação promovida pela Cooperação Brasil-FAO.

Brasília, 12 de agosto de 2021 - O curso Alimentação Escolar como Estratégia Educativa para uma Vida Saudável foi concluído na quarta-feira, 11 de agosto, em um webinar ao vivo que teve mais de 1.800 visualizações em tempo real nas redes sociais. A sessão de encerramento teve como tema principal a transformação dos sistemas alimentares por meio de programas de alimentação escolar sustentáveis.

Realizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esta segunda edição do curso capacitou mais de três mil profissionais da Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana.

As duas edições do curso, que integra as atividades regionais do projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, capacitaram quase cinco mil profissionais da área de alimentação escolar da região.

O curso faz parte dos compromissos da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), implementada pelo Governo do Brasil com o apoio da FAO, para promover o desenvolvimento de capacidades e a troca de experiências entre países para fortalecer os programas de alimentação escolar na região. 

Israel Ríos-Castillo, Oficial de Nutrição da FAO Mesoamérica, apresentou alguns dados do relatório global O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional (SOFI, na sigla em inglês), destacando que 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020. Especificamente na América Latina e no Caribe, 59,7 milhões de pessoas não tiveram acesso a alimentos suficientes, o que constitui uma violação do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). Além da insegurança alimentar, Castillo mencionou que as dietas saudáveis ​​foram inacessíveis para 113 milhões de pessoas na região.

Os programas de alimentação escolar podem fazer a diferença para entregar uma alimentação saudável em conjunto com outras políticas públicas, para transformar os sistemas alimentares em um modelo mais sustentável, mais sensível à nutrição, que respeite o meio ambiente e permita a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada”, afirmou. 

Durante o webinar, foi apresentado um vídeo síntese do curso com uma visão geral dos principais aspectos e metodologias, com depoimentos dos estudantes e dos tutores José David Pastrana, Milagros Espinoza e María Alejandra Brunet. Para estudantes dos seis países, o curso foi uma oportunidade de construir novos conhecimentos, ampliar capacidades e atuar melhor em seus espaços de trabalho.

Uma rede na América Latina e no Caribe: RAES

A coordenadora do projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na ALC, Najla Veloso, destacou em sua fala alguns limites dos sistemas alimentares, como os altos indicadores de desnutrição e fome, a má qualidade da alimentação de milhões de pessoas, as perdas e desperdícios e o enfraquecimento dos recursos naturais. Segundo Veloso, a política pública alimentar é uma das mais transversais, envolvendo saúde, agricultura, educação, desenvolvimento humano e o DHAA. Para trabalhar todos esses elementos, Najla destacou que “união e cooperação são fundamentais”, ressaltando o papel da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES).

Paola Barbieri, Analista de Projetos da ABC/MRE, acrescentou que o número de estudantes, os depoimentos ao longo do curso e os comentários ao vivo mostraram que essa ação coloca a Cooperação Sul-Sul na região alinhada ao propósito de unir esforços globais na busca de soluções para os sistemas alimentares. Barbieri destacou a RAES, lançada em 2018, como um espaço de intercâmbio contínuo, diálogo e capacitação tendo como eixo a alimentação escolar sustentável na América Latina. "Esperamos que todos vocês sejam agentes de mudança em seus respectivos países."

Bruno Silva, Assessor Internacional do FNDE, destacou que a palavra ideal para o curso internacional é cooperação. “Acreditamos muito nesta palavra e a Rede é um grande exemplo”, disse Bruno, que pediu aos países que construam em conjunto as melhores soluções possíveis para a alimentação escolar. Silva acrescentou que está sendo preparada uma edição do curso em português para profissionais do Brasil.

Por sua vez, o Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, destacou que a pandemia, as mudanças climáticas, a fome e a obesidade exigem mudanças urgentes na forma de produzir, distribuir e consumir alimentos. “A alimentação escolar será um dos grandes temas da Cúpula dos Sistemas Alimentares em setembro. Qual o melhor lugar para começar a mudar a cultura alimentar do que as escolas? Qual processo melhor do que usar programas ​​de alimentação escolar sustentáveis?”, apontou Zavala.

Em nome dos escritórios nacionais da FAO nos países participantes do curso, Agustín Zimmermann, Representante da FAO no Equador, disse que este curso está alinhado com o marco estratégico da Organização, que visa a transformação dos sistemas agroalimentares. O Representante destacou o papel da alimentação escolar como um dos programas de proteção social mais importantes da região.

Consideramos a alimentação escolar e a educação alimentar e nutricional como estratégias altamente eficazes para promover a formação dos jovens para que eles e seu ambiente familiar sejam mais responsáveis, conscientes e críticos sobre questões relacionadas com a alimentação. Todos temos um papel a cumprir neste caminho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, frisou.

Com a palavra, os governos nacionais

Juan David Bolívar, Subdiretor-Geral da Unidade Administrativa de Alimentação Escolar da Colômbia, agradeceu os esforços institucionais e intergovernamentais e a Cooperação Brasil-FAO por ter coordenado o curso. Ele também observou que a alimentação escolar é mais importante do que nunca neste cenário de pandemia.

Por sua vez, Juan Gabriel Casañas, Subsecretário de Administração Escolar do Ministério da Educação do Equador, comentou que o curso é muito importante para o país, que aprovou a lei de alimentação escolar há pouco mais de um ano. "Nossos professores efetivamente se beneficiaram."

Da Guatemala, Rafael Oroxom, em representação do Ministério da Agricultura, disse que o curso abordou temas muito relevantes para os participantes e que os profissionais poderão trabalhar com mais conhecimento. “Acreditamos neste programa de alimentação escolar, estamos satisfeitos com o curso, é algo que realmente vai transcender”.

O Diretor da Diretoria de Bem-Estar dos Estudantes do Ministério da Educação do Paraguai, Hugo Tintel, chamou a atenção para a questão da transformação dos sistemas alimentares por meio dos programas de alimentação escolar e comentou que os participantes do país mencionaram as diversas contribuições que o curso teve para eles.

Lucy Revilla, Coordenadora Técnica do programa Qali Warma - QW, do Peru, agradeceu a Cooperação Brasil-FAO pelo apoio desde o início, comentando que o programa melhorou em cobertura, qualidade e segurança alimentar. “Em todos esses processos, foi possível obter esse apoio, ensinando e aprendendo com a Cooperação com o Brasil e a FAO”, disse. Revilla afirmou ainda que o país aprovou recentemente uma lei para a compra de alimentos da agricultura familiar. “Estamos nesse desafio e continuamos contando com esse apoio que vocês sempre nos dão”.

Da República Dominicana, Ana Carolina Baéz, chefe do Departamento de Nutrição do Instituto Nacional de Bem-Estar do Estudante (Inabie), agradeceu a cooperação brasileira para a alimentação escolar e a transformação dos sistemas alimentares. “É um exemplo claro de como grandes resultados podem ser gerados pela união de esforços. Isso agregou muito valor e muito conhecimento a todos os que participaram, tanto no nível pessoal quanto profissional".