Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Jovem agricultor paraguaio acredita em futuro melhor com o algodão

Elías Aquino, 19 anos, é um jovem agricultor que tem a cotonicultura no seu DNA, transmitida pela sua família, e decidiu seguir no campo para cultivar algodão.

Foto: David Galeano

Assunção, 07 de outubro de 2022 – Das mãos de um jovem agricultor de 19 anos, uma nova geração de agricultores algodoeiros ressurge no Paraguai. Elías Ivan Aquino decidiu há três anos iniciar o cultivo de algodão de forma independente, tomando como inspiração, incentivo, conhecimentos, as lições aprendidas com seus pais, também cotonicultores, quando ainda era criança. 

“O algodão é muito importante para mim. É muito sustentável para a minha família. Sei que estou contribuindo para o crescimento da economia da minha sociedade e do meu país com este cultivo”, diz o jovem agricultor que mora no distrito de General Higinio Morínigo, no departamento de Caazapá, a cerca de 240 km de Assunção, uma área onde se concentra a agricultura familiar algodoeira do Paraguai. 

Desde pequeno, o jovem algodoeiro, que também estuda Engenharia Agronômica, está envolvido na cadeia, vendo seus pais nos campos cultivando algodão. "Aprendi essa prática com meus pais, com meus vizinhos que também são produtores." O fato de que seus pais cultivavam algodão foi decisivo para que Elías decidisse continuar com o cultivo, agora em sua própria propriedade. "É muito importante fomentar a tradição algodoeira paraguaia", comenta. 

Segundo Elías, o algodão gera um lucro muito importante, o que permite o sustento de sua família, inclusive ajudando a financiar seus estudos na universidade. Nesta última safra (2021/22), ele colheu um hectare, com 2.000 quilos de algodão em rama. Para a próxima safra (2022/2023), o jovem agricultor vai plantar três hectares, com expectativa de 6.000 quilos de algodão em rama, que devem ser colhidos entre o final de fevereiro e o início de março de 2023, dependendo da data de plantio e do desenvolvimento do cultivo. Todo o algodão produzido tem um destino. É comercializado por meio de intermediários, que se encarregam de comprá-lo e transportá-lo para as empresas de descaroçamento. 

Os cultivos são financiados por meio de créditos de cooperativas e, além do algodão, Elías conta com outros cultivos como horticultura e piscicultura que fazem parte de seu sistema agroalimentar e que também geram uma fonte de renda. 

Novas tecnologias e mais conhecimentos

O jovem agricultor paraguaio afirma que o uso de inovações é muito importante para modernizar a produção de algodão. “Estou convencido de que é fundamental a implantação de novas tecnologias, como maquinário e novos sistemas de produção para cultivo e colheita”, afirma. 

Elías explica que já utiliza novas tecnologias em sua propriedade, incorporando um sistema de plantio direto e, além disso, com o uso de adubos verdes que fornecem cobertura ao solo e, posteriormente, matéria orgânica. Ele utiliza tecnologias de alta densidade, plantio de precisão com semeadoras mecânicas, e além disso, utiliza inovações para o manejo e o controle de pragas. "Aprendi muitas coisas trabalhando com algodão." 

Com o apoio do projeto de cooperação sul-sul trilateral +Algodão, Elías ampliou seus conhecimentos, principalmente sobre inovações. Participou da delegação do projeto no 13º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em agosto, na Bahia. Além disso, fez parte da visita técnica ao município de Catuti, em Minas Gerais, para a troca de experiências com agricultores familiares algodoeiros brasileiros. 

O projeto +Algodão é executado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e os governos dos países parceiros, incluindo o Paraguai, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. 

Blas Barrientos, técnico do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG) do Paraguai, instituição parceira do projeto +Algodão, explica que a sustentabilidade do setor algodoeiro está muito relacionada ao valor agregado que pode ser dado, o que implica investimento em tecnologia e inovações. "Significa separar a fibra da semente ou grão, de forma que possa ser comercializada a um preço diferenciado, vendendo a fibra e o grão separadamente", comenta. 

O técnico do MAG destaca que para a implementação da fase II do projeto +Algodão Paraguai, está prevista a instalação de uma pequena ou média máquina descaroçadora de algodão para a área onde Elías e outros agricultores algodoeiros vivem, para que possa ser utilizada e, assim, promover com maior força o setor e “incentivar um maior número de produtores a plantar algodão”, avalia Blas. 

A juventude rural paraguaya

Elías acredita que é possível incentivar outros jovens “porque sei que cultivando o algodão estou criando uma fonte de renda para mim e para minha família. Além disso, estou gerando emprego para outras pessoas na área de colheita e de manejo”, aponta. 

Ele reconhece que, para muitos jovens, a cidade pode significar melhores oportunidades. “Pode ser que também existam, mas eu decidi ficar aqui. O futuro está no campo". Para Elías, o rural tem muito potencial porque a economia da sociedade das cidades “geralmente depende do campo. É impulsionado pela produção agropecuária”. 

Esse foi o grande motivo que levou o jovem agricultor paraguaio a ficar no rural, a contribuir para o fortalecimento da cadeia do algodão em sua região e mostrar a outros jovens que há oportunidades no campo. 

Como mensagem para outros jovens rurais, Elías diz: “Envolvam-se na agricultura. Plantem algodão para que possam ver os lucros. A agricultura é muito lucrativa e continuará sendo. Há um futuro no campo”.