Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Educação alimentar e nutricional é ferramenta importante na promoção da alimentação saudável nas escolas

Congresso Internacional promovido pela FAO e o FNDE reuniu cerca de 250 profissionais das áreas de nutrição e educação do Brasil e de 24 países da América Latina e do Caribe para trocar experiências e boas práticas em educação alimentar e nutricional nos programas de alimentação escolar.

Foto: Palova Brito/FAO

Brasília, 06 de outubro de 2017 – Promover a alimentação saudável nas escolas por meio da inclusão do tema nos currículos escolares e do engajamento de diversos atores e governos; estimular a comida de verdade e os alimentos culturalmente tradicionais e locais; e fortalecer a agricultura familiar para a comercialização para a alimentação escolar. 

Estas foram algumas das recomendações discutidas ao longo de três dias por cerca de 250 profissionais das áreas de nutrição e educação do Brasil e de 24 países da América Latina e do Caribe que participaram do Congresso Internacional de Alimentação Escolar: caminhos para a educação alimentar e nutricional, realizado em Brasília. 

Os participantes também destacaram a alimentação escolar como um direito e a responsabilidade do Estado neste sentido, assim como a inclusão do tema educação alimentar e nutricional em um marco político que garanta sua aplicação e recursos. Nas recomendações finais do evento também destacaram o estímulo às hortas escolares e familiares como ferramenta de educação alimentar. 

Na abertura do Congresso, o Representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Alan Bojanic, ressaltou que a cooperação internacional existente entre a FAO e o governo do Brasil vai muito além do aporte financeiro, pois tem impactado e gerado resultados efetivos e mudanças na alimentação de crianças latinas e caribenhas durante a primeira infância que, segundo Bojanic, é essencial para a garantia da segurança alimentar e o desenvolvimento saudável.   

“Não há nada mais importante para as crianças, nos primeiros anos de vida, do que a alimentação escolar. Essas experiências com os países têm traduzido-se em leis, programas, iniciativas municipais, entre outras ações. Além disso, a alimentação escolar gera circuitos curtos virtuosos como é o caso da agricultura familiar que tem a possibilidade de comercializar seus produtos para o cardápio das escolas”, disse. 

O Congresso foi uma atividade do projeto executado pela FAO e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC), com apoio da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), para o fortalecimento de Programas de Alimentação Escolar América Latina e Caribe, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional. Atualmente, 13 países são parceiros do projeto. 

Brasil: referência na América Latina e no Caribe

Executado há mais de 60 anos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil (PNAE), gerido pelo FNDE, é uma referência de programa para planejamento e execução das ações do projeto de cooperação técnica internacional. Atualmente, mais de 42 milhões de estudantes em todo o Brasil recebem alimentação diariamente nas escolas. E neste contexto, a agricultura familiar têm um papel importante na venda de sua produção para a alimentação escolar. 

Segundo Rogério Lot, Chefe de Gabinete do FNDE, o primeiro pilar do PNAE é a oferta de alimentos saudáveis e diversificados, seguido do respeito à cultura alimentar local. Ele também acrescentou: “Uma criança saudável e melhor nutrida tem mais condições de se educar. Só vamos conseguir transformar um país investindo em educação, em condições básicas cada vez melhores e em alimentos cada vez mais saudáveis e mais nutritivos”. 

A Ministra Andrea Watson, Diretora Adjunta da ABC/MRE, destacou que projeto gera aprendizagens tanto para o Brasil como para os países parceiros. “Também aprendemos muito com os países ao compartilhar experiências na área de segurança alimentar e nutricional, o que é fundamental no âmbito da cooperação Sul-Sul”, salientou. 

Para o Secretário Executivo de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), Caio Rocha, a alimentação escolar representa um pilar importante de segurança alimentar do país e chamou atenção para grandes desafios a serem enfrentados pelo Brasil: a obesidade e o sobrepeso. Dados de um estudo da FAO apontam que 52% da população brasileira está com excesso de peso e 23% da população é obesa. 

A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), Elizabetta Recine, destacou: “É necessário criar um ambiente onde as pessoas saibam que alimentação é um exercício de cidadania e de expressão de como o mundo se organiza. O grande desafio da educação alimentar e nutricional é contribuir para a cidadania dos nossos países”. 

Vitrine de boas práticas: troca de experiências

A coordenadora regional do Projeto, Najla Veloso, avaliou que o Congresso alcançou seu objetivo de proporcionar o compartilhamento de experiências e a construção de conhecimentos sobre o tema. “Permitiu que as pessoas se sentissem mais empoderadas para estabelecer a relação entre a alimentação e educação alimentar nutricional nos seus países, inclusive no Brasil”. 

Durante o Congresso os participantes puderam conhecer algumas boas práticas de educação alimentar e nutricional executadas no Brasil e em países como Costa Rica, Honduras, Chile, El Salvador e República Dominicana. 

O representante do Ministério de Educação da Guatemala, Billy Abigail, destacou uma importante conquista para seu país com a recente aprovação pelo Congresso guatemalteco da Lei de Alimentação Escolar. Com isso, Guatemala passa a ser o segundo país da América Central – e o sexto na América Latina – a aprovar uma lei específica com enfoque na alimentação escolar de maneira integral. O projeto de fortalecimento de programas de alimemtação escolar na América Latina e no Caribe apoiou tecnicamente as discussões sobre o tema ao longo dos dois anos de discussão no país. 

“A Guatemala vem trabalhando de maneira coordenada para melhorar a segurança alimentar e nutricional das crianças. Atualmente, temos aproximadamente 25 mil organizações de pais de famílias que são os responsáveis diretos em decidir sobre a alimentação que será oferecida aos seus filhos. Isso nos ajuda a trabalhar de maneira coordenada”, avaliou Abigail. 

Comida de verdade

A chef de cozinha brasileira Rita Lobo participou de painel sobre a comida de verdade como promotora de saúde e mudança de hábitos alimentares. “Cozinhar é uma habilidade para manter a alimentação saudável de verdade”, disse Rita que também acrescentou “a escola tem um papel fundamental na transformação que queremos fazer”.