Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Cadeia algodoeira peruana se fortalece com a cooperação entre Brasil, Peru e FAO e reconhece a importância de continuar trabalho conjunto

Por meio do projeto +Algodão Peru, foram fortalecidos os conhecimentos, foi promovido o intercambio de boas práticas e tecnologias para promover o setor algodoeiro nacional.

Foto: César La Serna

Lima, 28 de outubro de 2022 - Durante cinco anos, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI) do Peru trabalharam juntos para o fortalecimento do setor algodoeiro do país, por meio do projeto +Algodão Peru, uma iniciativa de cooperação sul-sul trilateral do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. 

Para apresentar os resultados dessa soma de esforços, foi realizado no dia 21 de outubro em Lima, Peru, o encerramento oficial do projeto +Algodão Peru com a participação de representantes dos governos do Brasil e do Peru e da FAO, parceiros nesta aliança. 

A delegação do projeto reuniu-se com o vice-ministro do MIDAGRI, Juan Rodo Altamiro, que pediu à embaixada brasileira, à ABC/MRE e à FAO a continuidade do projeto +Algodão e o apoio da cooperação brasileira para a promoção de sistemas produtivos diversificados, por meio da produção de algodão com milho amarelo duro, cultivo importante no país. 

Executado de 2015 a 2019, o projeto +Algodão Peru contribuiu para o fortalecimento de conhecimentos e intercâmbio de boas práticas entre técnicos e pesquisadores de instituições brasileiras e peruanas, agricultores e agremiações do setor algodoeiro nacional. As ações foram realizadas nos departamentos de Piura, Lambayeque e Ica, para apoiar a recuperação da competitividade da cotonicultura familiar, por meio da melhoria da produtividade e da renda das lavouras. 

A analista de projetos da ABC/MRE, Mariana Falcão, agradeceu à FAO e às instituições cooperantes por fazerem parte do projeto +Algodão “porque sem eles não haveria cooperação Sul-Sul para o setor algodoeiro”, disse. Ela também comentou que, com base no que foi aprendido nesta primeira etapa do projeto no Peru, “é preciso identificar necessidades e desafios em que o Brasil pode ajudar o país a avançar para mais algodão”. 

A coordenadora regional do projeto +Algodão, Adriana Gregolin, afirmou que a FAO, juntamente com a cooperação brasileira, continuará apoiando o setor algodoeiro na América Latina. "O projeto seguiu um processo flexível e dinâmico e esse é um dos seus pontos fortes, promovendo o que o setor precisa, pois esse cultivo tem potencial."  A coordenadora também destacou o papel fundamental dos povos indígenas na manutenção do “algodão vivo, riqueza encontrada em suas comunidades, por meio do trabalho de recuperação e conservação de sua diversidade”. 

Governo, agricultores, artesãs, pesquisadores e extensionistas: juntos por mais algodão no Peru

O projeto +Algodão Peru contou com o importante apoio da Agência Peruana de Cooperação Internacional (APCI) e instituições técnicas cooperantes como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) e o Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA), além da participação das Direções Regionais de Agricultura do Governo Regional de Piura, Lambayeque e Ica. 

As ações desenvolvidas no âmbito do projeto impactaram 5.600 produtores familiares de algodão, que fortaleceram suas capacidades durante dias de campo, seminários, oficinas, entre outros. 

Foram implementadas 20 Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs) que validaram e divulgaram boas práticas e inovações junto a técnicos, agricultores e agricultoras, onde se observou um aumento médio de rentabilidade de 23% em quatro campanhas agrícolas. 

O projeto +Algodão Peru também contou com o envolvimento de organizações de famílias cotonicultoras, como a Cooperativa Agrária de Múltiplos Serviços Tallan Chusis Limitada (COSTACH), que representa 600 famílias cotonicultoras de Piura. Em 2020, a cooperativa exportou cerca de 42 toneladas de algodão Pima peruano para Europa e Ásia, graças à reformulação de seu plano de negócios que contou com o apoio do projeto. Também participa de uma iniciativa pioneira na região de rastreabilidade por meio de um piloto de blockchain. 

Políticas públicas de fortalecimento do setor algodoeiro

O projeto +Algodão Peru apoiou a formulação do Plano Nacional do Algodão (PNA) como principal instrumento de política pública para promover o desenvolvimento competitivo e sustentável do setor algodoeiro. Da mesma forma, contribuiu para a elaboração do projeto de regulamentação da semente de algodão no país. Sobre esta questão, Jorge Isaul Moreno, diretor geral da Direção Geral de Desenvolvimento Agropecuário e Agroecologia do MIDAGRI, informou que o Plano Nacional continua avançando no processo de aprovação. Ele também destacou a importância da continuidade da cooperação por meio do projeto +Algodão para continuar dimensionando os resultados e a aprovação do próprio Plano. 

Para o coordenador do projeto +Algodão Peru, Gonzalo Tejada, “tudo o que foi alcançado no trabalho de campo durante a execução do projeto pode ser massificado entre todos os agricultores, com o Plano Nacional, para nos reposicionarmos internacionalmente o algodão peruano como um produto de excelência”. 

O encerramento do projeto +Algodão Peru também contou com a presença de representantes dos Ministérios da Produção (PRODUCE) e do Comércio Exterior e Turismo (MINCETUR), entre outros, que reforçaram o compromisso com o setor algodoeiro peruano. Representantes da Sociedade Nacional das Indústrias (SNI) do Peru expressaram a importância de reativar o conselho nacional do algodão, órgão que reúne os diferentes elos da cadeia do algodão do Peru. 

Projeto +Algodão

O projeto +Algodão visa promover sistemas de produção sustentáveis ​​e inclusivos, numa perspectiva abrangente da cadeia de valor do algodão para promover o desenvolvimento rural, promover a agregação de valor, o comércio justo e a promoção do sistema agro têxtil. Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru participam como países parceiros.