Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Instituições públicas e organizações do Brasil e da Colômbia discutiram a Assistência Técnica e Extensão Rural a partir do enfoque da tecnologia da informação

A terceira oficina virtual do projeto Semeando Capacidades buscou identificar boas práticas e ferramentas de tecnologias de informação e comunicação (TICs), para seu uso a serviço da extensão rural na agricultura familiar.

Bogotá, 10 de setembro de 2020 - O projeto de cooperação sul-sul trilateral Semeando Capacidades realizou a oficina virtual “Uma Aproximação às Ferramentas de Extensão Agrária para a Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC)”. Esta foi a terceira oficina de intercâmbio de conhecimentos entre Brasil e Colômbia. Mais de 50 pessoas de 32 instituições e organizações dos dois países participaram do encontro.

O objetivo foi apresentar a visão e a abordagem do Brasil para a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), com ênfase na agricultura familiar; bem como promover a discussão sobre boas práticas em extensão e a identificação de ferramentas que possibilitem sua implementação junto aos agricultores familiares. 

A iniciativa Semeando Capacidades, em execução na Colômbia, integra as ações do projeto regional América Latina e o Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, e é realizada em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério da Relações Exteriores (ABC/MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR).

ATER no Brasil

Pedro Arraes, diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do MAPA, apresentou o Programa ATER Digital, que está em construção, e que busca fortalecer o sistema brasileiro de ATER, promovendo o amplo uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas ações das empresas públicas de extensão rural, ampliando o acesso dos agricultores a serviços modernos, eficazes e eficientes. Este programa tem quatro projetos estratégicos: organização e troca de informações e conhecimentos; modernização da infraestrutura de tecnologia; compartilhamento de sistemas e aplicativos; e centros piloto para gerenciamento de informação e tecnologia. 

De acordo com o representante do ministério, 53% da população rural brasileira possui serviço de internet, e as regiões brasileiras com menor conectividade são o Norte e o Nordeste. “Temos problemas de conectividade para implementar o processo de digitalização do ATER; porém, já existe espaço para executá-lo e podemos usar essa ferramenta em prol da assistência técnica e extensão rural”, destacou. 

Para o diretor, não somente no Brasil, mas também em outros países da América Latina, há um grande volume de informações não organizadas e sem meios de acessá-las por meio de dispositivos móveis. “Por isso, o primeiro projeto estratégico do Programa ATER Digital é organizar e trocar informações”, afirmou. 

Pedro Arraes também apresentou alguns exemplos de iniciativas desenvolvidas por empresas públicas de extensão rural no Brasil que já utilizam as TICs por meio de serviços de comunicação remota; lives e videoconferências; Educação a Distância (EaD) e uso de redes sociais, entre outros. Em suas considerações finais, apontou como desafios: a necessidade de investimentos para aprimorar as ações da ATER diante da agricultura 4.0; uma maior articulação entre pesquisa, extensão e ensino para maximizar as ações de ATER; a necessidade de consolidar o Programa ATER Digital como motor de políticas públicas nesta temática.

Trabalho em grupo 

Os participantes trocaram experiências durante os grupos de trabalho para identificar boas práticas em assistência técnica e extensão rural. Entre algumas questões identificadas estão: o papel do ATER na aproximação entre os agricultores familiares e os mercados; a sistematização de experiências e troca de conhecimentos; a utilização das TICs a serviço da ATER por meio de webinars, eventos online, grupos de WhatsApp, entre outros; a abordagem integral da ATER em direção a sistemas agrícolas sustentáveis; a oferta de ATER pública de qualidade por parte dos estados e dos municípios; a expansão da conectividade no campo; o treinamento permanente de extensionistas; entre outros temas.

No encerramento do evento, Pedro Arraes, do MAPA, destacou a importância de bons projetos, com avaliação de impacto e a ampla participação de estados e municípios, além da iniciativa privada. “Principalmente no período pós COVID-19 será muito importante auxiliar os produtores com muita força para que possam continuar no campo e melhorar suas capacidades”, finalizou. Já Joaquin Salgado, representando o MADR, destacou alguns temas comuns apontados pelos grupos de trabalho como o diálogo constante entre o extensionista e o produtor; a implementação e utilização de ferramentas tecnológicas no campo; e o mapeamento de atores e produtos da agricultura familiar para troca de conhecimentos entre extensionistas e produtores. O coordenador regional da Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025/Programa de Cooperação Brasil-FAO, Ronaldo Ferraz, avaliou de maneira muito positivamente a oficina realizada e considerou que as discussões promovidas pelos grupos de trabalho contribuirão para o sucesso do projeto Semeando Capacidades, desenvolvido na Colômbia. 

Semeando Capacidades

O projeto Semeando Capacidades, iniciado em novembro de 2019 no âmbito da Cooperação Internacional Brasil-FAO, busca fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, sendo um importante instrumento de apoio para que a agricultura do país possa cumprir com o seu papel de contribuir para a transformação econômica, social e política.