Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Extensionistas, profissionais do setor rural e representantes de organizações agrárias do Brasil e da Colômbia trocaram experiências em extensão agrícola rural

Promovido pelo projeto Semeando Capacidades, oficina virtual criou espaço para a divulgação de boas práticas dos dois países.

Bogotá, 28 de outubro de 2020 - Mais de 380 pessoas entre extensionistas, profissionais do setor rural e lideranças de organizações agrárias do Brasil e da Colômbia participaram da oficina virtual Boas práticas em extensão agrária, um guia para os servicos de assistência técnica e extensão rural da Agricultura Campesina Familiar e Comunitária (ACFC) na Colômbia, realizada na terça-feira, dia 27 de outubro, com o objetivo de criar um espaço de divulgação das experiências dos dois países sobre o tema. 

A oficina foi promovida pelo projeto de cooperação sul-sul trilateral - Brasil, Colômbia e FAO – Semeando Capacidades, executado em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Lançado em 2019, o projeto Semeando Capacidades integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025

Em suas palavras de abertura do evento, o representante do MADR, Joaquin Salgado, destacou a importância da oficina que, em conjunto com as demais atividades do projeto Semeando Capacidades poderá contribuir para “fortalecer as políticas públicas e os instrumentos necessários para implementação no nosso país”, disse. 

Fernando Moreno, da FAO Colômbia, que explicou as cinco boas práticas de extensão que seriam apresentadas na oficina têm sido aplicadas com sucesso dentro de uma linha de procedimentos em diferentes setores, identificadas por características como: impacto positivo no serviço e nos usuários; sua aplicabilidade nos serviços de Ater de forma simples;  por meio de tarefas ou ações que necessitam melhoria dentro do serviço; e com adequação às condições e a realidade da agricultura campesina, familiar e comunitária..

Boas práticas de extensão: experiências colombianas

Jaime Mañozca, da FAO Colômbia, apresentou a experiência da extensão técnica do projeto desenvolvido pela FAO e a Ecopetrol, principal petroleira do país. O projeto FAO-Ecopetrol busca gerar uma rede de abastecimento de alimentos e, entre outras ações, apoia as Organizações da Agricultura Familiar (OAF) para que acessem a oferta institucional. De acordo com Jaime Mañozca, a partir de uma medição das organizações em 10 áreas, o projeto consegue ter uma linha de base de negócios que ajuda a planejar ações e recursos. O técnico da FAO Colômbia também destacou algumas das competências exigidas de um extensionista, como a visão de territorialidade, a atenção às questões ambientais, sociais, institucionais e de mudanças climáticas, entre outras: “deve ser uma pessoa dinâmica e facilitadora de processos”, destacou. 

Mariela Segura, da FAO Colômbia, apresentou boas práticas de gestão de risco, por meio da promoção de práticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e uso de informações agroclimáticas por meio de um AgroKit que será lançado em breve. Segundo a palestrante, a partir de 2013 a FAO, em conjunto com o MADR, começou a desenvolver a estratégia de gestão de riscos agroclimáticos, implementada em quatro departamentos do país, envolvendo mais de 2 mil famílias, principalmente de comunidades vulneráveis, de comunidades étnicas (indígenas, afrodescendentes, campesinas) e mais de 80 instituições que “fortaleceram suas capacidades na gestão de riscos agroclimáticos e adquiriram conhecimentos sobre essas questões”, comentou. 

Outra experiência de sucesso em andamento foi apresentada por César Quintero, representante da iniciativa Paz Sustentável para a Colômbia (PASO Colômbia) que, em quatro anos, estabeleceu 22 plataformas de colaboração denominadas Escolas Rurais Alternativas (ERA). Elaborado a partir de um cenário local onde a maioria das comunidades estava na ruralidade dispersa da Colômbia, Cesar Quintero explicou que o 'fio condutor' das ERA é buscar a facilitação do acesso à formação, à assistência técnica e à promoção de alianças comerciais para que os projetos produtivos sejam sustentáveis ​​no tempo. “Nossa abordagem é voltada para a geração de alternativas de segurança alimentar e geração de renda”, afirmou. 

Boas práticas de extensão: experiências brasileiras

Maria Neila dos Santos e Giovanne Sátiro Xenofonte apresentaram a boa prática brasileira da Rede de Extensionistas do Nordeste, que atua favorecendo a interação entre diferentes redes e organizações para a promoção da agroecologia nos estados e microrregiões nordestinas. Atualmente, a Rede inclui 12 instituições distribuídas em seis estados do Nordeste, e sua metodologia inclui uma valorização da história e da cultura dos agricultores familiares, “entendendo que o conhecimento local dessas pessoas é muito importante e, que, a partir das trocas de saberes construímos novos saberes e inovação”, afirmou Maria Neila. Para ela, compreender a realidade da agricultura familiar nos territórios contribui para definir estratégias de ATER de acordo com as peculiaridades dos agroecossistemas locais. 

Do Norte do Brasil, Cristiane Corrêa, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-PA), apresentou a experiência da instituição em facilitar o acesso e o uso de novas ferramentas e práticas de ATER. “Entre as principais ferramentas e meios de comunicação que utilizamos estão os aplicativos de videoconferência e mensagens para compartilhar vídeos e áudios”, explica. A extensionista também apresentou o projeto Vitrine do Artesanato, que conta com a participação de 60 famílias e tem como objetivo a comercialização direta de produtos e a melhoria da renda familiar, com sustentabilidade ambiental, multiplicando técnicas artesanais e empresariais. 

No encerramento da oficina virtual, Rafael Dias, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa), destacou a importância do ATER “que vai muito além do técnico, além de ser um gerador de conhecimento, mas sim como articulador. O extensionista é um articulador de práticas, saberes e de políticas públicas”. Já o coordenador do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025, Ronaldo Ferraz, destacou que “com certeza, as experiências apresentadas contribuirão muito para o fortalecimento das políticas e instrumentos que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade do campo colombiano e brasileiro, com ênfase na agricultura familiar”. 

Colômbia e Brasil: semeando capacidades

O projeto Semeando Capacidades, implementado em conjunto pelos governos do Brasil, da Colômbia e FAO, está dividido em quatro componentes: extensão agrícola, agroecologia, mercados diferenciados e sistemas de informação. O objetivo é fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, com ênfase na produção da agricultura familiar com enfoque agroecológico, sendo um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento rural do país rumo à transformação econômica, social e política.