Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Começa segunda edição do curso de alimentação escolar que formará cerca de 3 mil profissionais 

Dividido em 13 sessões, o curso integra as atividades do projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na América Latina e Caribe, realizado no âmbito da Cooperação Brasil-FAO.

Brasília, Brasil, 31 de maio de 2021 - A inauguração da 2ª edição do curso 'Alimentação escolar como estratégia educacional para uma vida saudável' reuniu cerca de 3 mil espectadores, entre profissionais das áreas de educação, saúde, nutrição, políticas públicas e agricultura de diferentes países. Os estudantes assistiram à primeira sessão pelas redes sociais. Um dos destaques foi a importância de abordar a alimentação escolar em um cenário durante e pós-pandemia.

Nesta edição, o curso é oferecido a seis países - Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana - com o objetivo de abordar questões fundamentais e emergentes relacionadas aos Programas de Alimentação Escolar (PAE) na região. Estima-se que cerca de 3 mil profissionais fortalecerão suas capacidades com o curso. Em 2020, participaram 1.800 profissionais da Guatemala, Peru e Colômbia e, devido ao sucesso, a iniciativa foi ampliada.

Dividido em 13 sessões e 90 horas, o curso tratará de temas como direito humano à alimentação adequada, segurança alimentar e nutricional e sua relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), programas de alimentação escolar e seus impactos sociais, educação alimentar e nutricional e hortas escolares com enfoque pedagógico, entre outros temas.

O curso é promovido pelo projeto regional Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe, executado no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. As ações são articuladas pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Representando a ABC/MRE, Plínio Pereira disse que a Agência trabalha para apoiar os países no processo de capacitação para superar seus desafios, acrescentando que a cooperação entre ABC, FNDE e FAO, realizada há mais de 12 anos, tem muitos resultados concretos. “A questão da alimentação escolar na América Latina e no Caribe vem se fortalecendo consideravelmente a cada ano que passa. Esperamos que a segunda edição contribua efetivamente para a formação e prática de todos os profissionais envolvidos”, afirmou.

Karine Santos, coordenadora geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), desenvolvido pelo FNDE, disse que o programa faz parte de uma estratégia estruturada em torno do eixo da segurança alimentar e nutricional. “Por isso, o curso é uma das nossas estratégias no âmbito da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), que o Brasil desenvolve desde 2018”, afirmou.

Segundo Karine, o curso fez sucesso em 2020 e este ano não será diferente: “O FNDE reafirma seu compromisso de aliança com os países da América Latina e do Caribe no âmbito de nosso projeto de cooperação técnica internacional”. 

Bruno Silva, assessor de cooperação internacional do FNDE, também destacou o importante papel da RAES para o governo brasileiro. Hoje, a rede já reúne mais de 21 países com o objetivo de estimular e trocar experiências e fortalecer programas de alimentação escolar de todos os países da região. Silva destacou a importância do espaço para articular reflexões e boas práticas no período pandêmico e pós-pandêmico.

Para Maya Takagi, oficial de programas regionais da FAO para a América Latina e Caribe, o curso contribui para o fortalecimento das capacidades profissionais de diferentes áreas da região, ajudando os profissionais a planejar, implementar e acompanhar ações com vistas à consolidação de seus programas de alimentação escolar. 

Takagi apresentou dados globais sobre os PAEs, como o fato de que 1 em cada 2 estudantes do planeta recebe alimentação escolar diariamente e que, na América Latina e no Caribe, quase 80 milhões de pessoas se beneficiam desses programas. “É na infância que os hábitos alimentares são desenvolvidos. Por isso, é ainda mais relevante aliar o aprendizado ao prazer de comer bem”, disse.

Em nome dos representantes da FAO nos seis países, Ricardo Rapallo, representante da FAO na Guatemala, destacou que a Cooperação Brasil-FAO, por meio do FNDE, ABC e FAO, tem apoiado diversos processos políticos nos últimos 10 anos para fortalecer os programas de alimentação escolar em mais de 20 países da região. Rapallo também destacou o papel do RAES como uma ferramenta muito útil "para trocar soluções inovadoras para enfrentar esta situação complexa [a pandemia] nos últimos meses".

Os programas de alimentação escolar não só atenderão necessidades mais urgentes dos alunos da região, mas também serão fundamentais para a recuperação social e econômica dos países”, afirmou o representante. Além disso, acrescentou: “Estamos falando sobre o desafio de alimentar adequadamente quase 80 milhões de crianças que voltarão às escolas nos próximos meses e também de fornecer oportunidades econômicas às economias locais que foram duramente atingidas pela pandemia".

Fortalecendo capacidades profissionais na região

A coordenadora do projeto regional que promove esta ação formativa, Najla Veloso, refletiu sobre a cooperação desenvolvida entre a FAO, o Brasil e os países ao longo de mais de uma década e disse que a iniciativa dessas entidades poderia se resumir em cinco palavras: esforço, compromisso, trabalho, solidariedade e progresso. Nesse sentido, Veloso destacou que a capacitação contribui muito para o cenário durante e pós-pandemia ao gerar capacidades para milhares de pessoas da Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana.

Flavia Schwartzman, coordenadora pedagógica do curso, apresentou a metodologia de formação, destacando que ela possibilita promover “o sonho de promover mudanças em pessoas, escolas, comunidades e países”. Além disso, comentou: “Acreditamos que seja possível fazer essas mudanças por meio da escola e da alimentação escolar, educar as pessoas para serem mais conscientes, valorizar mais a comida e compreender essas relações”.

Alguns participantes da última edição deram seus relatos sobre o curso, afirmando que ele contribuiu para a mudança de suas realidades, como Norma Moran, da Guatemala, que relembrou a experiência com grande emoção. “Ficamos extremamente gratos por tudo que vocês compartilharam, pela oportunidade de desenvolver capacidades e ter acesso a esse conhecimento, principalmente para nossos filhos e filhas. Concluo com uma frase de um filósofo brasileiro: a educação não muda o mundo. O que muda é a pessoa , que vai mudar o mundo”, disse a ex-estudante guatemalteca.

Agradecimentos

No encerramento da sessão, lideranças de alto nível dos governos dos seis países destacaram a importância do curso e da Cooperação Internacional Brasil-FAO para a consolidação de seus programas de alimentação escolar.

Nesse sentido, Nereida de Leon, representando o Ministério da Educação da República Dominicana, comentou que “aprender a fortalecer a alimentação escolar em nosso país é de grande ajuda para estudantes e professores”. Representante do Ministério da Educação do Paraguai, Hugo Tintel disse que a experiência do curso é muito necessária nestes tempos de pandemia, especialmente devido à troca de informações, novas ideias e ao fortalecimento do vínculo interinstitucional. 

Juan Diego Unda, do Ministério da Educação do Equador, comentou que a formação gerou grandes expectativas no país e que será um sucesso para os professores e técnicos que participarão do curso. “Para o Equador, (o curso) representa várias possibilidades porque está orientado para a consolidação de modelos sustentáveis ​​e inclusivos de alimentação escolar”, disse.

O diretor-geral da Unidade Administrativa Especial de Alimentação Escolar da Colômbia, Juan Carlos Martínez, agradeceu a cooperação brasileira por compartilhar a experiência de anos neste assunto e a oportunidade de continuar construindo uma cultura de alimentação saudável no país. Fredy Hinojosa, diretor executivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar Qali Warma, do Peru, disse que a alimentação escolar é o melhor investimento porque permite a construção de capital humano de pessoas que darão continuidade ao desenvolvimento dos países. “O curso ajuda no desenvolvimento dessas capacidades”.