Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Cartilha apresenta recomendações para fortalecer instrumentos para a agricultura familiar e circuitos curtos de comercialização na Colômbia

O documento faz parte das atividades do projeto Semeando Capacidades.

Bogotá, 7 de outubro de 2021 - O projeto Semeando Capacidades realizou um evento virtual, no dia 6 de setembro, para compartilhar recomendações para o fortalecimento de instrumentos da agricultura familiar e os circuitos curtos de comercialização na Colômbia, geradas pelo projeto a partir das 12 experiências organizacionais da agricultura familiar sistematizadas, sendo oito na Colômbia e quatro no Brasil. Essas recomendações reunidas em uma cartilha buscam contribuir para a instrumentalização das políticas estabelecidas no país por meio das Resoluções 464/2017 e 006/2020, do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia. 

O evento foi promovido conjuntamente pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O projeto de cooperação sul-sul trilateral Semeando Capacidades, executado pelo Brasil, Colômbia e FAO, integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025. 

Tanto a cartilha como demais produtos sobre circuitos curtos de comercialização podem ser consultados no boletim temático do projeto, que aborda os canais de comercialização diferenciados em que a produção da Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC) tem valor agregado, além da influência de temas como agroecologia, associatividade, da confiança e planejamento, entre outros, na determinação desse valor, contribuindo para a reflexão sobre a importância desses canais nas cadeias de abastecimento de alimentos. 

Da Colômbia: Rede Agroecológica ´La Canasta´

Em sua apresentação, Daniel Jiménez, cofundador da fundação Rede Agroecológica ´La Canasta' em Bogotá, Colômbia, explicou como a rede busca estimular o ciclo agroalimentar, tecendo e facilitando uma relação equilibrada e transparente entre as pessoas que cultivam agroecológicas alimentos no campo e aqueles que deles se alimentam na cidade. “Somos uma aposta política para a mudança na concepção e prática das relações entre o campo e a cidade, entre a sociedade e a natureza”, destacou. ´La Canasta´ busca conectar os agricultores familiares com os consumidores, de forma que facilite o acesso dos alimentos agroecológicos à cidade, promovendo o comércio justo, ao mesmo tempo que reduz o desperdício de alimentos e embalagens, o que reduz a pegada de carbono. “Para comercializar contamos em tecnologias de informação como o site, WhatsApp e e-mail ", explicou Jiménez. 

A experiência brasileira de feiras agroecológicas

Do Brasil, Gizelda Bezerra apresentou a experiência das organizações do Polo da Borborema, rede de sindicatos e organizações da agricultura familiar que articula 13 municípios e mais de nove mil famílias, que trabalham na construção de um projeto de desenvolvimento local baseado no fortalecimento da agricultura familiar agroecológica. Entre as estratégias de comercialização estão feiras e compras públicas, por meio dos programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE). “Nas feiras do Polo da Borborema foram criadas 3.750 cestas solidárias da agricultura familiar, distribuídas a mais de 2.000 famílias em situação de vulnerabilidade social, totalizando uma média de 70 mil quilos de alimentos”, comentou Bezerra, acrescentando que, com a criação da Cooperativa Agricultores Familiares Borborema (CoopBorborema), entre abril e agosto de 2021, mais seis toneladas de milho livres de transgênicos já foram processadas e transformadas em amido e farinha.

Recomendações para fortalecer os circuitos curtos

Como resultado das 12 experiências sistematizadas na cartilha, Camilo Ardila Galvis, coordenador do projeto Semeando Capacidades, apresentou as principais recomendações geradas e que buscam contribuir para a criação e o fortalecimento de ferramentas que impulsem políticas neste tema: “Desenvolver circuitos curtos de comercialização que sejam integrados e se tornem estratégias de desenvolvimento sustentável, permitindo o bem-estar de produtores e consumidores e que facilite estratégias para reduzir perdas de alimentos e resíduos como venda de cestas, entre outros”, destacou. 

Mateus Soares da Rocha, representando o MAPA, comentou sobre a importância da cartilha neste contexto de pandemia: “Os agricultores familiares entendem que devem estar presentes nos mercados digitais e, agora, as famílias cozinham mais em casa, o que fortalece a gastronomia com produtos da agricultura familiar e camponesa”. 

Da mesma forma, Germán Espitia, da MADR da Colômbia, falou sobre como o Ministério lidera três tipos de mercados camponeses por meio do programa ´El Campo Emprende´: “Promovemos mercados virtuais, onde montamos pacotes com produtos da agricultura familiar; mercados presenciais em praças públicas e mercados mistos”, destacou Espitia, acrescentando que parte destas ações de comercialização são realizadas em áreas de Programas de Desenvolvimento com Enfoque Territorial (PDET). 

Para encerrar este evento, o coordenador do projeto agradeceu aos participantes pela participação no último evento e convidou os presentes a se conectarem aos diferentes eventos realizados já realizados nos últimos meses visitando o canal ONU Colômbia no YouTube.